terça-feira, 21 de abril de 2009

Há 24 anos sem Tancredo Neves

Na foto: Aécio e seu avô Tancredo Neves, com quem começou sua vida política


Ciente de que estava tomado por uma infecção de grande proporção dias antes de tomar posse na Presidência da República, Tancredo Neves, que morreu há 24 anos num 21 de abril, resistiu até o último momento a submeter-se a uma cirurgia pela equipe do Hospital de Base. O primo Francisco Dornelles (PP-RJ), indicado à época para assumir o Ministério da Fazenda, recorda que o grande receio de Tancredo Neves era que o então presidente João Baptista Figueiredo se recusasse a dar posse ao vice-presidente José Sarney.


Já internado no Hospital de Base, com toda a equipe cirúrgica de prontidão, Tancredo disse a Francisco Dornelles que não se submeteria à operação caso não tivesse a garantia de que Figueiredo empossaria Sarney.



Francisco Dornelles recorda que não lhe restou alternativa a não ser garantir ao primo que o general-presidente empossaria Sarney.


As articulações para a posse de Sarney, de acordo com informações compiladas pela Fundação Getulio Vargas (FGV), já estavam, naquele momento, sob a condução do então presidente da Câmara Ulysses Guimarães (PMDB-SP) e do ex-ministro-chefe da Casa Civil Leitão de Abreu.
"Eu posso garantir ao senhor que o Figueiredo dá posse ao Sarney", respondeu Dornelles ao presidente.

Só com essa garantia Tancredo Neves aceitou submeter-se à primeira de sete cirurgias para tentar amenizar o quadro de fortes dores abdominais.

Depois de ser eleito presidente da República pelo Colégio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985, Tancredo morreu no dia 21 de abril de 1985, de infecção generalizada.

A eleição de Tancredo marcou o rompimento de quase 21 anos de regime militar, que começou em 31 de março de 1964.



A chapa da Aliança Democrática, formada por Tancredo e Sarney venceu a chapa do PDS, de Paulo Maluf e Flávio Marcílio, por 480 votos a 180. A vitória foi costurada pelo ex-governador mineiro durante meses, juntamente com o presidente do seu partido, o MDB, Ulysses Guimarães, lideranças da oposição ao governo militar e a então Frente Liberal - uma dissidência do PDS, partido de sustentação ao regime militar. Imaginava-se à época que a chapa deveria ser formada por Tancredo e Ulysses, mas para a formação do maior leque de alianças, Ulysses abriu mão de sua candidatura.


O senador Francisco Dornelles relembra a grande comoção nacional com a morte de um dos principais articuladores políticos do processo de transição do poder militar para o poder civil, anunciada pelo porta-voz Antônio Brito.

- Foi uma das maiores tragédias da vida pública brasileira. Tancredo fez todo o movimento de conciliação, de entendimento e de concórdia, chegou à Presidência da República totalmente maduro para governar o Brasil e um dia antes é atacado por um problema de saúde que praticamente o afasta da presidência. Nunca a sociedade brasileira teve uma frustração tão grande como teve em abril de 1985.



Com informações de O Globo

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