O governador Aécio Neves recebeu nesta terça-feira (5), em Madrid, na Espanha, o Prêmio Internacional Puente de Alcântara, concedido à Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) pela Fundação San Benito de Alcântara (Cáceres/Espanha), pela obra da Usina Hidrelétrica de Irapé, no Vale do Jequitinhonha. A premiação é um reconhecimento internacional pelos reflexos ambientais e sociais que a construção da usina gerou para a população de uma das regiões menos desenvolvidas do Brasil. Em sua agenda oficial na Espanha, o governador também teve encontro com empresários espanhóis na Tribuna Ibero-Americana, na Casa de América.
A Cemig é a primeira empresa brasileira que recebe o prêmio da Fundação San Benito de Alcântara, concedido às melhores obras públicas espanholas, portuguesas e ibero-americanas. A empresa mineira foi premiada pela Usina de Irapé, localizada no Vale do Jequitinhonha, inaugurada em 2006. A premiação foi entregue ao governador por dom Carlos Carlos de Borbón, membro da Família Real espanhola.
“Nenhuma obra, em toda história de Minas Gerais, foi tão transformadora como a Usina de Irapé. Confesso que me surpreendi que no rol de tantas alternativas, de tantas belíssimas e importantes obras de engenharia, que exatamente a Usina de Irapé, escondida nas profundezas do nosso Vale do Jequitinhonha, pudesse receber uma honraria tão grande. Essa homenagem que recebemos com extrema honra, tem para nós uma característica também diferenciada, pois ela não homenageia apenas um país ou um estado federado, mas ela teve o cuidado de compreender a importância transformadora dessa obra para uma região”, disse Aécio Neves, durante o seu pronunciamento na cerimônia de entrega do prêmio, na Casa de America.
A premiação foi instituída em 1988, pela Fundación San Benito de Alcântara, patrocinada pelo Grupo Iberdrola, com periodicidade bienal. Ela reconhece, no âmbito ibero-americano, obras públicas que reúnam, de acordo com a opinião do júri designado, maior importância cultural, tecnológica, estética, funcional e social, levando-se em conta a qualidade técnica e estética e a perfeição alcançada na execução do empreendimento.
“Ao assumir o Governo de Minas, tinha a noção exata de que precisávamos aproximar as duas Minas, que conviviam muito proximamente, mas com realidades absolutamente distintas. A Minas rica, das indústrias, das exportações, do IDH extremamente alto, com a Minas das dificuldades, da desesperança e do sofrimento. Acredito que todos nós, independente das nossas origens, mas pelas responsabilidades que temos, podemos imaginar o que é a vida de um cidadão, por mais humilde que ele seja, onde quer que ele esteja, antes e depois da energia elétrica”, afirmou Aécio Neves.
O presidente da Fundação San Benito de Alcântara, Antonio Saenz de Mieira, ao fazer a abertura da cerimônia, contou que já visitou a Usina de Irapé e ficou surpreso com a extraordinária obra de engenharia que ela é, “mas que o aspecto mais relevante foi ter levado energia transformadora para a vida de 1 milhão de pessoas”.
Ações sociais e ambientais
Localizada no Vale do Jequitinhonha, a Hidrelétrica Presidente Juscelino Kubtscheck - Usina de Irapé é um marco para o desenvolvimento social e econômico de umas das regiões menos desenvolvidas de Minas Gerais e do Brasil. Lançada em 2002 pelo então governador Itamar Franco, Irapé recebeu, até 2006, R$ 1 bilhão em investimentos da Cemig na sua construção, no rio Jequitinhonha, entre os municípios de Grão Mogol e Berilo.
A obra exigiu da Cemig e do Governo do Estado a adoção de uma série de ações coordenadas, que tinham como foco minimizar ao máximo possível os impactos ambientais e sociais. Nesse sentido, foram implementados programas de qualificação de trabalhadores da região, reassentamento de famílias atingidas, recuperação da fauna, entre outros.
A usina tem a mais alta barragem do Brasil e a segunda da América Latina. São 208 metros de altura para represar 6 bilhões de metros cúbicos de água do rio Jequitinhonha. São gerados 360 mil megawatts.
Reassentamento
Uma das principais ações durante a construção da usina foram os cuidados tomados para o reassentamento de cerca de 660 famílias em 103 fazendas. Para isso, foram adquiridos 60 mil hectares de terras pelo Governo do Estado, área que supera em quatro vezes o tamanho do reservatório, que ocupa cerca de 137 km² (13,7 mil hectares).
“Conseguimos elaborar e viabilizar o mais exitoso projeto de assentamento no entorno dessa barragem já feito na história do Brasil. Foram cerca de 700 famílias, que não foram simplesmente – como ocorria em vários outros casos - deslocadas do seu habitat, do seu ambiente cultural, das suas relações sociais para outras regiões. A partir de um amplo diálogo com essas comunidades, permitimos que essas famílias pudessem estar vivendo hoje, em condições extremamente mais favoráveis do que viviam anteriormente”, explicou Aécio Neves.
Além do governador, também receberam o prêmio Puente de Alcântara, o presidente da Cemig, Djalma Morais, e as construtoras responsáveis pelas obras - Andrade Gutierrez, Norberto Odebrecht, Ivaí Engenharia de Obras e Hchtief do Brasil. Participaram da cerimônia o prefeito da cidade de Alcântara, Dom Fernando Moreno Acosta, a vice-presidente da Junta de Extremadura (uma das comunidades autônomas da Espanha), Maria Dolores Aguillar, o secretário-geral Ibero-americano da Casa de América e ex-presidente do BID, Enrique Iglesias.
O presidente da Cemig, Djalma Morais, anunciou, durante o encontro, que a empresa pretende conhecer a experiência da Espanha, que tem buscado geração de energia alternativa por meio de gases de detritos orgânicos. Ele lembrou que a Cemig já tem participação em uma usina eólica no Ceará.
Encontro com empresários
O governador Aécio Neves também participou de encontro com empresários e jornalistas, promovido pela Tribuna Ibero-Americana, na Casa de America, em parceria com TVE Internacional, que promove palestras com personalidades de diversas áreas e partes do mundo.
O secretário-geral Ibero-americano, Enrique Iglesias, apresentou Aécio Neves como um herdeiro de grande tradição da política brasileira, lembrando a trajetória do seu pai, Aécio Cunha, e do seu avô, Tancredo Neves, esse último citado como um homem chave para a redemocratização do Brasil.
O governador, em sua palestra, ressaltou que o Brasil de hoje é um reflexo do trabalho positivo dos governos dos ex-presidentes Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, e da atual administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Aécio Neves explicou que cada um deles deu importantes contribuições para que o Brasil esteja hoje mais preparado para enfrentar a crise econômica mundial.
Segundo Aécio Neves, nas próximas eleições, a agenda que existirá não será mais econômica, mas de gestão, e de como se combater as diferenças regionais que ainda persistem no Brasil. O governador ressaltou que o setor privado pode contar, no Brasil, com o setor público mais capitalizado e, por isso, os investimentos públicos têm sido muito importantes para o enfrentamento da crise.
“Não há medida de maior efeito social que a boa administração de recursos públicos. Introduzir instrumentos de controle, estipular metas, premiar resultados, têm garantido avanços a Minas Gerais”, disse Aécio Neves aos empresários e jornalistas.
Como exemplo, o governador citou que Minas Gerais é o único estado brasileiro que tem parceria-público-privada (PPP) no setor rodoviário brasileiro, e se prepara para finalizar a PPP Prisional, onde caberá à iniciativa privada construir 3,5 mil vagas prisionais.
Resultados de Minas
Entre os resultados já alcançados em Minas, o governador relatou que na área de segurança pública houve queda de 25% nos crimes violentos; na educação, o Estado é o único que faz avaliação individual dos alunos, foi o primeiro a instituir nove anos de ensino fundamental, e tem liderado em várias séries do ensino fundamental, o ranking do país.
“É possível uma administração austera e transparente que traga importantes resultados sociais. E uma instituição que reconheceu isso foi o Banco Mundial, que assegurou financiamento de US$ 1 bilhão, sem contrapartida, tendo apenas a melhoria dos indicadores sociais como exigência. Isso vem acontecendo em Minas na área da segurança, educação e saúde”, afirmou Aécio Neves.
O governador de Minas afirmou, ainda, que o Brasil também sofre os efeitos da crise econômica, mas está mais preparado que outros países porque soube criar um mercado interno. Aécio Neves explicou que o Governo de Minas vai investir, em 2009, R$ 11 bilhões. Isso, segundo ele, só é possível porque Minas se transformou em grande laboratório de gestão pública.
Após a palestra, que contou com a participação de cerca de 80 pessoas, entre empresários e jornalistas, Aécio Neves respondeu perguntas sobre eleições, medidas tomadas em Minas Gerais em relação à crise, e o relacionamento do Brasil com países da América Latina. Entre os participantes estava o embaixador do Brasil na Espanha, Paulo César de Oliveira Campos.
Com informações da Agência Minas
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